O banco fintech Nubank anunciou a suspensão das negociações de sua criptomoeda, Nucoin.
Isso ocorre em um contexto de escrutínio sobre a estabilidade financeira do banco.
Mudança de política do Nubank
Em uma postagem de blog de 10 de setembro, o Nubank divulgou que, com efeito imediato, o Nucoin não pode mais ser comprado ou vendido dentro de seu aplicativo. A criptomoeda foi lançada no final de 2022 no blockchain Polygon como parte de um programa de recompensas projetado para fornecer aos usuários várias vantagens.
Agora, ele servirá exclusivamente como um ativo para desbloquear benefícios e recompensas dentro do seu ecossistema. Isso inclui descontos no Nubank Shopping e vantagens em diversas experiências promovidas pelo banco.
“Decidimos suspender a negociação imediatamente para evitar possíveis flutuações no valor dos Nucoins no mercado”, afirmou a publicação.
O banco acrescentou que os clientes manterão a opção de resgatar seus Nucoins por Bitcoin ou dólares digitais (USDC) até 9 de dezembro de 2024. O Nubank também realizará sorteios com prêmios de até R$ 1 milhão para quem optar por resgatar suas moedas.
Os motivos exatos para a decisão ainda não estão claros, mas a mudança abrupta de política ocorre em um momento em que o banco enfrenta um escrutínio quanto à sua saúde financeira, incluindo preocupações crescentes sobre o aumento de empréstimos inadimplentes e a qualidade de seus ativos.
Aumento dos empréstimos não produtivos e da qualidade dos ativos
De acordo com um relatório da Bloomberg, apesar das ações da empresa terem subido mais de 60% este ano, alguns analistas expressaram reservas, rotulando-as como “supervalorizadas”.
Ele destaca que os empréstimos inadimplentes do Nubank, vencidos há 90 dias ou mais, atingiram um recorde de 7% no segundo trimestre, superando a média do setor de 5,5%. Ao mesmo tempo, o banco reduziu suas provisões para devedores duvidosos de US$ 831 milhões para US$ 760 milhões.
Fernando Fontoura, gestor de portfólio da Persevera Asset Management, disse que essas preocupações com a qualidade do crédito levaram a empresa a se distanciar dela.
Em junho, a Persevera vendeu toda a sua posição no banco, descrevendo-o como “lotado”. Além disso, tanto o JPMorgan Chase quanto o UBS rebaixaram suas classificações para o Nubank para “neutro” em julho, citando a deterioração da qualidade dos ativos.
Os executivos da empresa, no entanto, defenderam suas práticas de empréstimo. O diretor de operações Youssef Lahrech explicou durante uma teleconferência de resultados que o banco prioriza estratégias de longo prazo em vez de métricas de empréstimos inadimplentes de curto prazo.
Sua assessoria de imprensa também rebateu o relatório, afirmando que as preocupações levantadas não refletem o sentimento geral em Wall Street. Eles esclareceram que os dados citados no relatório, com base em números do Banco Central do Brasil, usam uma metodologia diferente para provisões de perdas em comparação à abordagem do Nubank.
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